Você conhece as iniciativas que abordam Educação para as Relações Étnico-raciais no IFSC?
29. novembro 2021 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: MatériasAs instituições de ensino devem desenvolver ações de combate ao preconceito racial e de adequação de seus projetos pedagógicos à legislação vigente, que obriga o estudo da história e cultura afro-brasileira (Lei Federal 10.639/2003) e indígena (Lei 11.645/2008). Aqui no IFSC temos duas modalidades de organização que se dedicam ao tema: os Neabi’s e o Coletivo IFSC Negro.
O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) são espaços de ensino, pesquisa e extensão em torno da história afro-brasileira. A iniciativa surgiu em 2015 no Câmpus Gaspar com o objetivo de promover reflexões e ações dentro da instituição em defesa da Educação para as Relações Étnico-raciais. No ano seguinte, outro núcleo foi criado em Canoinhas, e depois novos Neabi’s se estabeleceram em São Miguel do Oeste, Palhoça Bilíngue e Caçador. Os núcleos funcionam de maneira autônoma, respeitando as características de cada câmpus, embora desenvolvam trabalhos em conjunto.
Outra iniciativa é o IFSC Negro, um coletivo que reúne servidores negros do IFSC e que tem por objetivo debater as questões étnico-raciais com os servidores da instituição. O coordenador do Neabi Câmpus Gaspar, Luiz Herculano de Sousa Guilherme, conta que o grupo surgiu na pandemia com a ideia de juntar todas as pessoas negras servidoras do IFSC. O objetivo, segundo ele, foi conhecer quem são essas pessoas e mapear a área de pesquisa dos servidores docentes.
Para o Coordenador do Neabi Câmpus Canoinhas, professor Cícero Santiago de Oliveira, a discussão deve ir além dos núcleos e envolver todos os servidores e comunidade do IFSC para que de fato exista uma educação antirracista. O professor ressalta a importância que essas iniciativas têm na discussão e implementação de práticas que contribuam para as políticas sociais, porque apesar da população negra brasileira ser de 54%, apenas 16% dos trabalhadores da educação superior são negros. A existência desses grupos é uma forma de criar representações, fomentar a discussão e convidar todos a participar.
Os coordenadores ressaltam que as iniciativas ainda buscam a identidade dentro do IFSC, por meio da adequação da demanda, do contexto e dos próprios participantes dos grupos. Por isso, estendem o convite para que mais servidores participem.
Breve histórico
A reflexão acerca da cultura Afro-brasileira e todos os aspectos que nela estão envolvidos começou a partir dos anos 1980 no Brasil, com a celebração do Centenário da Abolição da Escravatura. Diversas instituições em parceria com movimentos sociais fomentaram o debate e as discussões relacionadas às Políticas de Ações Afirmativas no Brasil, dentre as primeiras estão o Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) na Universidade Federal da Bahia (UFBA), fundado em 1959, e também, o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros, criado por Abdias Nascimento em 1981 na PUC-SP.
Ao longo dos anos 1990, surgiram então os Núcleos de Estudos Afro-brasileiros (NEAB) que se constituíram como espaços de Ensino, Pesquisa e Extensão em torno da História Afro-brasileira, bem como a criação, em 2000, do Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as (Copene) e a criação da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros /as (ABPN). Essas iniciativas foram determinantes para a elaboração da Lei Federal 10.639/2003, que estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de “história e cultura afro-brasileira” nas instituições educacionais brasileiras.
Ainda durante os anos 2000, os movimentos aderiram à luta dos povos indígenas e muitos se transformaram em Núcleos de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), o que contribuiu para a criação da Lei 11.645/2008, que tornou obrigatória a inclusão da “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” no currículo oficial da rede de ensino.
No IFSC, o primeiro NEAB foi criado em 2015 no Câmpus Gaspar e, na sequência, foi criado um NEABI em Canoinhas em 2016. Nos anos subsequentes se estabeleceram também nos câmpus São Miguel do Oeste, Palhoça Bilíngue e Caçador.
E é a partir desses grupos que surge o Coletivo IFSC Negro em 2020, com o objetivo de mapear e conectar os servidores negros, bem como fomentar as pautas relacionadas aos Direitos Humanos, contribuindo com a Pedagogia Antirracista.
Por Mariane Nava Jornalista estagiária do IFSC