Compromisso com o interesse público e com a democracia é ideia central da Comunicação Pública
24. novembro 2023 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: MatériasA comunicação nos órgãos públicos não deve ser centrada nos gestores, nos atos administrativos ou nas ações de governo, mas sim no interesse público, na promoção da cidadania, na democracia e no cumprimento da missão institucional. Essa visão da Comunicação Pública foi o eixo do Encontro de Comunicadores do IFSC 2023, que reuniu servidores da área – jornalistas, relações-públicas, programadores visuais, técnicos e tecnólogos de produção audiovisual, estagiários, bolsistas e convidados de outras instituições de ensino – e equipes de comunicadores dos câmpus entre 22 e 24 de novembro, no Miniauditório do Câmpus Florianópolis-Continente.
Contando este ano com o apoio da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública), o evento teve fala de abertura do jornalista e relações-públicas Jorge Duarte, que atua na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e na ABCPública. Autor de diversos livros sobre o tema, Duarte falou sobre os desafios de fazer comunicação pública no Brasil, apresentou um histórico da atividade no país e fez recomendações para o aprimoramento dos processos no IFSC – que, segundo avalia, tem atuação bastante sólida e é referência entre os Institutos Federais em função do pioneirismo na elaboração de uma Política de Comunicação.
Duarte destaca que há distorções e equívocos na compreensão e na prática da comunicação pública. Um dos mais frequentes é a tendência de se centrar as ações nos dirigentes e na instituição, e não nas políticas públicas e no cidadão. Falta de planejamento estratégico, visão limitada dos profissionais da área como “tarefeiros”, pouca articulação entre comunicadores e dirigentes, falta de estrutura e de recursos e a incompreensão quanto à responsabilidade coletiva sobre a comunicação são alguns dos desafios que, segundo analisa, são compartilhados entre grande parte dos órgãos públicos brasileiros. “A comunicação é um território de conquista. Temos que conquistar esse espaço, explicar, apostar, discutir sobre comunicação o tempo todo”, instigou.
Outro desafio da comunicação pública é encontrar formas de estabelecer uma comunicação efetiva com uma imensa quantidade de públicos com diferentes especificidades, necessidades e limitações. Citando um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Duarte ressalta que a maior parte dos jovens brasileiros (67%) não sabe diferenciar fato de opinião. Além disso, cerca de 38 milhões de brasileiros são analfabetos funcionais, ou seja, têm apenas habilidades básicas de letramento, com dificuldades na compreensão de textos simples. Nesse cenário, a comunicação das instituições públicas precisa ser planejada de forma estratégica, de modo a oferecer para o cidadão a informação de que ele precisa, garantindo sua compreensão e o exercício da cidadania.
A tarefa não é fácil, mas iniciativas como a constituição da ABCPública têm ampliado o debate e a troca de experiências entre profissionais de diferentes órgãos públicos, aprimorando as práticas e qualificando as ações. Jorge Duarte destacou algumas boas práticas que devem ser adotadas pelos setores de comunicação nos órgãos públicos, como compreender o propósito das ações, fazer planejamento estratégico com foco no cidadão, dar suporte à gestão e às políticas públicas, assumir protagonismo, fazer diagnósticos e formalizar os processos. “A Política de Comunicação é o grande alicerce das ações de comunicação. É o documento que estabelece as práticas básicas, ordena e orienta o trabalho da comunicação na organização”, ressaltou.
Política de Comunicação
A nova edição da Política de Comunicação do IFSC, aprovada pelo Conselho Superior (Consup) em 2022, foi o principal assunto do Encontro de Comunicadores na tarde de 22 de novembro. As coordenadoras do Comitê de Gestão e Atualização do documento, jornalistas Ana Paula Lückman e Marcela Lin e relações-públicas Nadia Garlet, além da Diretora de Comunicação do IFSC, Geisa Golin Albano, apresentaram os principais pontos da segunda edição da Política, que teve aprimoramentos e avanços em relação à edição anterior, de 2013.
Elementos como a compreensão da comunicação como guardiã da memória institucional, a importância de se contemplar a linguagem inclusiva nos materiais e o redesenho dos públicos estratégicos do IFSC foram alguns dos pontos destacados. As servidoras apresentaram também a estrutura geral do documento e o estágio de elaboração e/ou revisão dos diversos manuais operacionais complementares à Política.
Por Ana Paula Lückman | Jornalista do IFSC