Dia da Inclusão reúne 200 pessoas no Campus Lages

31. outubro 2012 | Escrito por | Categoria: Câmpus Lages, Eventos, Matérias

A tarde de sábado foi de discutir a inclusão de pessoas com necessidades específicas no Campus Lages. Cerca de 200 pessoas participaram do Dia da Inclusão, evento que reuniu diversas instituições da região serrana para palestras, oficina e apresentações artísticas.

Em uma das palestras realizadas no auditório do campus, Gabriel da Silva (foto), 19 anos, aluno do curso técnico em Informática do Campus Lages, deu seu depoimento de como é ser um estudante surdo na educação profissional. “No início, não tinha intérprete e eu me comunicava com os professores por escrita. Depois, veio o intérprete [João Gilberto Branco, que já havia sido intérprete de Gabriel na sexta série do ensino fundamental] e melhorou bastante”, conta. Gabriel diz que é “viciado” em computadores e tem como objetivo trabalhar com segurança de redes. Drogas, doenças sexualmente transmissíveis e mercado de trabalho para deficientes também foram tema de palestras.

Além das palestras, instituições expuseram seus trabalhos no hall de entrada do auditório do campus. O trabalho do Serviço de Atendimento Educacional Especializado (Saede) desenvolvido no  Centro de Educação de Jovens e Adultos de Lages (Ceja) e na escola estadual Rubens de Arruda Ramos foi um dos destaques, com exposição de material didático para cegos. Luzia Aparecida Wolff, cega, trabalha como assistente técnica pedagógica do Ceja, uma instituição do governo estadual.

Graduada em Pedagogia (Udesc) e especializada em Educação Especial (Uniplac), Luzia (à direita na foto) passou no concurso em 2005, por meio de reserva de vagas, e considera que ter tido acesso a material didático adaptado foi fundamental. “Eu tive acesso a recursos que a tecnologia hoje permite, como softwares, gravação de áudio e impressão em braile. A gente consegue levar uma vida normal. Temos que nos adaptar à deficiência.”

A Associação dos Pais e Amigos dos Autistas de Lages (AMA), abordou o autismo, que atinge uma a cada 125 pessoas. “Ainda há muitos mitos sobre o autismo, como os de que o autista não consegue aprender ou então, o contrário, que é um superdotado”, diz a presidente da AMA, Diva Ramos de Ávila. “Os próprios professores não conhecem o autismo. É preciso capacitá-los”, completa a diretora pedagógica da associação, Rosângela Bairros. Para conhecer mais sobre o autismo e o trabalho da AMA, visite o site https://sites.google.com/site/amalagessc.

Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) também tiveram espaço no Dia da Inclusão. Especializados em atender pessoas com dependência química ou transtornos mentais, os Caps oferecem atendimento psicológico, psiquiátrico e de clínico geral. No Campus Lages, os representantes dos centros expuseram trabalhos de artesanato feitos pelas pessoas em tratamento. “Usamos o artesanato como forma de expressão e isso os ajuda a ter consciência dos efeitos que as drogas têm sobre o corpo deles”, explica a assistente social do Caps-i (que cuida de crianças e adolescentes), Kelly Souza, falando sobre o “Tabuleiro das Drogas”, desenvolvido em madeira. Com ele, as crianças e adolescentes fazem relações entre tipos de drogas e seus efeitos.
Outro destaque do evento foi a parte cultural. Houve apresentações artísticas de estudantes, incluindo uma divertida peça teatral inspirada no seriado de TV mexicano Chaves feita exclusivamente por alunos surdos da Escola Vidal Ramos Júnior.

Já a oficina de confecção de pipas, ministrada pelo artista florianopolitano Valdir Agostinho (foto), foi bastante concorrida. “Acho que a pandorga deve tratada como uma obra de arte. É uma moda que nunca é esquecida, mesmo com internet e com a diminuição nos espaços nas cidades”, diz Agostinho. De fato, as pipas confeccionadas pelos 30 participantes da oficina foram verdadeiras obras de arte. No fim, houve um concurso para eleger as melhores, e os vencedores foram os irmãos Kauan e Renan, filhos da assistente em administração Thaís Esteves Ramos Fontana, do Campus Lages.

A coordenadora do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne) do Campus Lages, Lidiane Falcão Martins, avalia como positivo o Dia da Inclusão, organizado pela primeira vez. A ideia, afirma, é realizá-lo pelo menos uma vez ao ano. “O público externo participou ativamente e isso nos trouxe bastante contribuição para discutirmos o crescimento de nosso Napne e da acessibilidade no campus.”

O chefe do Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão do Campus Lages, Thiago Meneghel Rodrigues, destaca o papel do IFSC na inclusão social de pessoas com necessidades específicas. “Estamos aqui para atender a todos. Temos desafios, mas vamos superá-los para que possamos levar a educação profissional a todas as pessoas.”

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