Estrangeiros descobrem o Brasil por meio do IFSC

25. julho 2013 | Escrito por | Categoria: Câmpus Florianópolis, Câmpus Florianópolis-Continente, Matérias

O IFSC busca internacionalizar-se e um dos passos para isso, ainda no início, é receber estudantes de outros países. A parceria do Instituto Federal com uma escola francesa rendeu a Virginie Charrier um estágio em um hotel da Grande Florianópolis. Já o alemão Felix Möbius chegou ao IFSC com a ajuda contatos pessoais: uma amiga lhe apresentou um professor, que o auxiliou a conseguir fazer disciplinas no Câmpus Florianópolis por meio de intercâmbio. Para ambos, conhecer o Brasil e sua cultura tem sido uma rica experiência.

SONY DSCA francesa Virginie Simone Paulette Charrier, de 19 anos, estuda Gastronomia no Liceu de Hotelaria de La Rochelle e desde abril faz estágio no resort Ponta dos Ganchos, em Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis (45km ao norte da Capital), na área de cozinha. Ela atua principalmente no preparo de sobremesas para o hotel, conhecido pela exclusividade.

Virginie conta que ficou sabendo da oportunidade de intercâmbio no Brasil por meio do professor Joel Migeon, que visitou o Câmpus Florianópolis-Continente no ano passado. O IFSC e o liceu de La Rochelle participaram em 2010 de um edital da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) para propostas de cooperação internacional. Mesmo com o fim das atividades previstas pelo edital, as duas instituições mantiveram a parceria, com a troca de intercambistas – duas estudantes do Câmpus Florianópolis-Continente fizeram estágio na França.

Para Virginie, a possibilidade de conhecer uma nova cultura, para crescimento profissional, foi o que mais a motivou. Das comidas brasileiras, a que mais chamou a sua atenção foi a farofa. “É muito diferente”, diz. A estudante não tem aulas no IFSC, mas é acompanhada por servidores da instituição durante sua estada no Brasil. Ela mora em Governador Celso Ramos e, nesses três meses, conheceu vários pontos da Grande Florianópolis. Antes de ir embora, em agosto, ela quer conhecer Foz do Iguaçu (PR). Do Brasil, além das paisagens, vai levar também a lembrança do povo hospitaleiro que a recebeu. “Os brasileiros são muito acolhedores”, conta.

O estudante alemão Felix Möbius, de 23 anos, passou o último semestre letivo fazendo disciplinas isoladas no Câmpus Florianópolis. Aluno de mestrado em Geodésia na Universidade de Ciências Aplicadas de Neubrandenburg, no Norte da Alemanha, o intercambista conta que a ideia de vir ao Brasil surgiu com a convivência com estudantes brasileiros. “Há uns 30 brasileiros estudando lá”, contou.

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Uma amiga em comum, da área de Engenharia de Alimentos, conhecia o professor Rovane Marcos França, do curso técnico de Agrimensura do Câmpus Florianópolis, e ajudou nos primeiros contatos. Com o aceite para o intercâmbio, Möbius viajou com a namorada Daliana Lopes, brasileira que mora há 13 anos na Alemanha, e começou as aulas no fim de fevereiro deste ano.

No tempo de folga, os dois aproveitaram para passear e viajar bastante: conheceram as trilhas e praias de Florianópolis, pescaram, visitaram a Serra de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Ribeirão Claro (PR), cidade da família de Daliana. Com o fim das aulas, os namorados ainda irão a Salvador e Bonito (MS).

Apesar de tantas viagens, o estudo não ficou de lado. De acordo com Möbius, o principal interesse dele era aprender a Língua Portuguesa e conhecer mais sobre a agrimensura e topografia no Brasil. “Foi uma experiência interessante porque, em termos históricos e de dados, a Alemanha tem bem mais infraestrutura e tradição na área. No entanto, mesmo de uma forma mais simples, os brasileiros dão um jeito de fazer tudo funcionar, e fiquei impressionado em como os professores, mesmo com menos tecnologia do que na Alemanha, conseguem repassar todo o conhecimento aos alunos”, avalia o intercambista. “Além disso, eles também foram muito acolhedores, convidando para encontros entre colegas, futebol. Foi muito bom.”

Por outro lado, os docentes também aproveitaram para questionar o mestrando sobre as novidades no setor, e sobre as formas de ensino e trabalho na Alemanha. E a vinda do estudante alemão ainda pode render mais frutos para o IFSC: como o pai de Möbius tem uma empresa atuante no setor, eles estão planejando uma excursão dos professores do curso para a cidade de Neubrandenburg e também para a Intergeo, o maior evento do mundo sobre geoinformação, geodésia e gestão territorial, em outubro, na cidade alemã de Essen. “Temos sim a intenção de trabalhar, num futuro mais adiante, para aumentar o intercâmbio entre as instituições”, afirma Daliana, que trabalha no Escritório de Assuntos Internacionais da Universidade de Neubrandenburg.

Logo nos primeiros meses em Florianópolis, o casal passou por um susto: a casa onde eles moravam foi assaltada, e todos os equipamentos eletrônicos deles, roubados. “Foi uma situação ruim, mas ao mesmo tempo trouxe a oportunidade de conhecer a solidariedade brasileira, pois os amigos se mobilizaram para nos ajudar”, lembra Möbius. Em pouco tempo, até um computador para que ele pudesse estudar foi oferecido por uma amiga.

O jeito acolhedor e carismático do brasileiro impressionou o alemão. “A gente ouve falar, mas realmente é diferente estar aqui”. Ele e a namorada contam que, na casa onde moram na Alemanha, tentam manter certos “hábitos brasileiros”. “Comemos arroz com feijão e fazemos churrasco. Quer dizer, tentamos fazer, porque depois de comer o churrasco feito no Brasil, não consigo mais achar o alemão bom”, brinca o estudante.

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