Novo Grêmio Estudantil busca mais mobilização dos alunos

20. agosto 2013 | Escrito por | Categoria: Câmpus Florianópolis, Gestão, Matérias

gremio_fpolis2Em agosto, assume a nova gestão do Grêmio Estudantil do Câmpus Florianópolis do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Entre as principais plataformas de trabalho, está a conscientização dos alunos para a importância da mobilização política estudantil. “Temos dois fatores que atuam contra essa mobilização: primeiro, o estudante já tem um comodismo incorporado, que é cultural, não vem de hoje, vem da família, da escola, da formação da geração. Segundo, temos poucas ações coletivas de conscientização, como a mídia, que incentiva esse comodismo, o jovem já não tem interesse e aí nada o desperta para isso”, analisa Matheus Zanatta, coordenador de Mobilização Política Estudantil e estudante da quarta fase do curso técnico de Saneamento.

Para o coordenador de Cultura e Eventos, Giovanni Fellini, da quinta fase de Saneamento, há um outro agravante nessa relação entre estudante e Grêmio. “Além de algumas gestões anteriores terem degradado a reputação do Grêmio, quando se fala em política as pessoas automaticamente lembram de Brasília, daquele montes de deputados, a imagem clichê”, lembra Fellini. A coordenadora de Organização, Paula Ferreira, da quinta fase do curso de Química, concorda. “Há uma falta de crença na política como um todo. Quem está no Grêmio agora tem essa noção de que a política é o que a gente faz todo dia”, explica a estudante.

O desafio é grande. Os próprios coordenadores lembram que no final dos anos 80 e começo dos 90, as eleições para o Grêmio tinham mais de mil participantes. No pleito que elegeu a chapa Roda Vida (atual gestão), foram 212 votantes. “Precisamos fazer os estudantes entenderem que existimos para dar voz a eles, mas para isso precisamos da participação”, diz Wagner Lopes, da terceira fase de Eletrotécnica e coordenador de Finanças.

Projetos e ações

Para isso, mesmo durante as férias, o grupo se reuniu e já começou o segundo semestre letivo cheio de projetos e ações. A primeira ação foi a limpeza da sala, que durou cerca de 10 horas, e a segunda, como tradição e fundamental para as atividades estudantis, foi o início da venda de camisetas e moletons. “As pessoas ainda avaliam muito a atuação do Grêmio por essa venda, e queremos mudar essa ideia. Mas, ao mesmo tempo, é a venda desses produtos que nos ajudará a realizar nossos planos”, conta Wagner.

Outro projeto que já está em planejamento é o “Mente Aberta”, um grupo de discussão para debater todo o tipo de assunto que interessa à comunidade estudantil – seja sobre o câmpus, sobre a cidade ou mesmo internacional. Serão convidados, além dos alunos, especialistas sobre o tema em debate. “A intenção é fazer quinzenalmente, mas ainda não fechamos 100% o projeto”, explica Paula.

“Também estamos procurando assessoria jurídica e analisando propostas sobre a instalação do redutor de velocidade na frente do câmpus. Consideramos um assunto fundamental e é importante termos esse tipo de vitória para mostrar aos alunos de que temos condições de realizar as coisas juntos”, conta Zanatta. O Grêmio também pretende se envolver em todas as questões estudantis de Florianópolis e em âmbito estadual e nacional. “Vamos sempre estar ao lado das melhorias estudantis. O que for melhor para os estudantes, não tem porque não ajudar, não participar, como o movimento Passe Livre. Vamos sempre tomar partido de quem visar melhorias para nós”, diz Wagner.

Política estudantil

Para Zanatta, nenhuma dessas manifestações faz sentido, no entanto, se não houver um pensamento e planejamento antes. “Tivemos sorte e conseguimos aproveitar as manifestações de junho deste ano para mobilizar os estudantes para a nossa eleição. Mas mais importante é a base. Não adianta ter uma mobilização de pessoas que não vivem a política no dia a dia, porque depois ninguém dá continuidade”, defende o coordenador de Mobilização. “O ato na rua tem que ser o final, não o começo da atividade política”, complementa Wagner.

A transparência é uma das atitudes-chave da atual gestão para recuperar a credibilidade do Grêmio. “Vamos fazer um informe mensal da movimentação financeira, para mostrar que o dinheiro arrecadado pelo Grêmio volta em benefícios para o estudante”, segundo o coordenador de Finanças.

Sobre a relação com a direção do Câmpus, os coordenadores concordam em um ponto: as conversas até agora foram todas tranquilas e amigáveis. “A gente espera que seja sempre assim, não só no começo, claro”, diz Matheus. Segundo Giovanni, que está na escola desde 2009, ele vê a atual direção com bons olhos. “Essa gestão tem uma dinâmica diferente, uma forma de ser mais clara, tem uma interação maior com os indivíduos – sejam alunos ou servidores. A gestão anterior era bem diferente”, afirma. “O que é preciso reforçar é que a nossa posição vai ser sempre do lado dos estudantes. Não vamos ser contra apenas para ser contra. Enquanto a direção estiver tomando atitudes que consideramos positivas, vamos apoiar. Somos uma instituição independente da direção e sempre dependente dos alunos”, finaliza Wagner.

Saiba mais: por que você decidiu entrar na política estudantil via Grêmio?

Matheus Zanatta: Minha principal inspiração vem da família, um tio que estudou no IFSC quando ainda era Escola Técnica, e foi do Grêmio. Ele não me disse porque gostar ou não gostar de política, só me mostrou porque era importante e, sabendo da importância, não tem como não gostar. Tudo envolve política, por isso decidi me envolver com a chapa. E pretendo ir além, em outras agremiações estudantis, e depois estudar Direito para poder entender e defender melhor os interesses de estudantes.

Giovanni Fellini: Nas outras ‘categorias’ – professores, técnicos-administrativos, todos têm um sindicato. Por mais que digam que não é a mesma coisa, de certa forma o Grêmio é o sindicato dos estudantes. Eu decidi entrar porque as chapas anteriores estavam degradando a imagem da agremiação no câmpus, sem fazer uma gestão a contento.

Paula Ferreira: A primeira coisa que me vem à cabeça quando penso nessa pergunta é que é algo óbvio que a gente se envolva com política. Me sinto no dever e no direito de participar, é um crescimento em busca da independência. Comparando, é como deixar a infância: hoje não é mais minha mãe que escolhe as roupas que eu uso, e eu quero decidir também o que eu vou fazer, o que eu vou pagar. Não vejo como não me envolver sabendo que há um sistema que vai funcionar com ou sem a minha participação, então, escolho participar.

Wagner Lopes: Tem uma frase que diz algo como: quem não gosta de política, será governado pelos que gostam. Eu reclamava muito, e aí parei de só reclamar para tentar começar a fazer as coisas mudarem. Concordo com a Paula, parece uma coisa óbvia querer escolher sobre as coisas todas da nossa vida.

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