Fórum EJA discute formas de ampliar acesso dos públicos prioritários

2. setembro 2014 | Escrito por | Categoria: Eventos, Matérias

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Viabilizar mudanças no processo de ingresso que possibilitem uma ampliação do acesso à Educação de Jovens e Adultos foi o eixo das discussões que ocorreram nesta segunda e terça-feiras (1° e 2), durante o II Fórum EJA do IFSC. O encontro, que teve o tema “Elevação da escolaridade, reconhecimento de saberes, educação para trabalhadores”, reuniu cerca de 100 servidores de todos os câmpus que atuam em cursos Proeja e Certific, no auditório do Câmpus Gaspar.

Pela legislação, os Institutos Federais devem ofertar pelo menos 10% de suas vagas para cursos Proeja, que integram a educação básica (ensino fundamental ou médio) com educação profissional (cursos de formação inicial e continuada ou técnicos), mas o IFSC ainda está muito aquém dessa meta. Em 2014, apenas 2,2% das vagas ofertadas foram para cursos dessa modalidade. Para a coordenadora do Proeja no IFSC, Elenita Ramos, uma das dificuldades enfrentadas é a baixa procura pelas vagas abertas. “Temos poucas matrículas porque o modelo de oferta não é compatível com a realidade desse público”, considera.


Assista à reportagem da IFSCTV sobre o evento

O Programa Nacional de Integração Profissional com a Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) foi instituído pelo governo federal em 2006 para oferecer a oportunidade de elevação de escolaridade a jovens e adultos que não cursaram o ensino fundamental e médio na idade regular. No Brasil, há 22 milhões de pessoas com 18 anos ou mais que concluíram o ensino fundamental, mas não têm o ensino médio completo. “O Proeja nasceu da valorização da educação de jovens e adultos como uma política de garantia de direitos”, diz Elenita.

eja6Outra modalidade específica voltada à elevação de escolaridade de trabalhadores, o Programa de Certificação Profissional e Formação Inicial e Continuada (Certific) existe no IFSC desde 2010 e traz para a instituição trabalhadores que têm experiência prática em suas áreas, mas nunca fizeram um curso de educação profissional. De acordo com a coordenadora do Certific no IFSC, Cláudia Hickenbick, o programa é voltado a trabalhadores com 18 anos ou mais que tenham escolaridade compatível com a certificação pretendida e pretendam obter o reconhecimento formal de seus saberes profissionais. Assim como o Proeja, é preciso pensar formas de acesso diferenciado a esse público. “Trata-se de um público com necessidades diferentes que precisa de um acesso compatível com suas especificidades”, salienta.

eja4cPara a pró-reitora de Ensino do IFSC, Daniela de Carvalho Carrelas, os cursos voltados a jovens e adultos ofertados pelo Proeja e pelo Certific precisam de formas de ingresso que se ajustem às diferentes realidades vividas por esse público. “A nossa institucionalidade precisa ser alterada para que se possa incluir esse público”, afirmou. “É preciso pensar uma outra lógica, que nós ainda não sabemos qual é, para que essas pessoas venham estudar.” Para os próximos cinco anos, a ampliação no percentual de vagas ofertadas em cursos Proeja terá um incremento considerável – serão 6% das vagas, de acordo com o previsto no Plano de Oferta de Cursos e Vagas (POCV).

eja5A reitora Maria Clara Kaschny Schneider, que acompanhou parte das atividades do primeiro dia do evento, disse recordar dos primórdios da educação de jovens e adultos no IFSC, em 2002. “Nós começamos a pensar em EJA porque a oferta de cursos integrados estava proibida, e essa foi uma maneira que encontramos de trazer alunos, mantendo um projeto de educação profissional”, lembrou. Com as mudanças nas políticas de governo, a EJA fortaleceu-se e em 2006 o Proeja foi instituído por decreto federal. “Mesmo com o incentivo que a educação pública tem hoje, esse desafio persiste e é preciso avançar mais. Uma das coisas que mais nos angustiam é saber como chegar nas pessoas que precisam dessa educação. A lógica tradicional não tem dado um bom resultado porque esse público específico precisa de uma abordagem diferente”, disse a reitora. “Mudar essa lógica é difícil, mas é preciso sair da zona de conforto, discutir e buscar soluções juntos. Por isso a importância deste fórum.”

Troca de experiências

Além de discutir as questões relativas ao acesso, o II Fórum EJA discutiu também diretrizes para a integração dos programas Proeja e Certific. Projetos piloto desenvolvidos nesse sentido foram apresentados por equipes dos câmpus Garopaba, Florianópolis-Continente, Itajaí e Jaraguá do Sul. Também foi apresentada a experiência do Projeto Piloto de Reconhecimento de Saberes Escolares de Trabalhadores da Área de Turismo, Hospitalidade e Lazer – Ensino Fundamental, que certificou em julho deste ano 12 guias de turismo e merendeiras que não tinham ensino fundamental completo. Com a certificação, eles são aptos agora a cursar um Proeja técnico em suas áreas e receber a certificação que os tirará da informalidade no mercado de trabalho.

A experiência do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que seleciona os alunos dos cursos de qualificação e técnicos por meio de parcerias com prefeituras, Ministério do Trabalho e outros órgãos, foi apresentada como exemplo bem sucedido de acesso diferenciado à educação profissional. No Fórum foi feito também um resgate das ações desenvolvidas pelos grupos de trabalho a partir dos encaminhamentos do I Fórum Proeja, realizado no IFSC em 2012.

Eventos

O II Fórum EJA foi um dos três grandes eventos institucionais que terão o Câmpus Gaspar como anfitrião esta semana. Na noite desta terça-feira (2) teve início o 4° Seminário de Pesquisa, Extensão e Inovação (Sepei 2014) e no dia 4 começa a terceira edição dos Jogos do IFSC (JIFSC). No total, os três eventos vão envolver cerca de 2 mil alunos e servidores do IFSC.

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