Mostra reúne ciência e cultura no Câmpus São José

15. outubro 2014 | Escrito por | Categoria: Câmpus São José, Eventos, Matérias

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Um show de uma banda de rock formada por professores do câmpus seguido por uma palestra sobre alteração de materiais com uso de radiação é o retrato do evento que ocorre nesta semana no Câmpus São José: a II Mostra Científico-Cultural (MCC), que começou na segunda-feira e vai até amanhã. O tema do evento, em comemoração à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia,  é “Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social”.

A banda Gaciba e Os Mitocôndrias abriu o dia na MCC nesta quarta tocando vários clássicos do rock nacional, de bandas como Capital Inicial, Charlie Brown Jr. e Engenheiros do Hawaii, no hall da cantina do câmpus. O grupo é formado por professores de biologia, geografia e educação física do câmpus. O fato de o líder e vocalista ser o professor de biologia Gustavo Gaciba da Silva explica o nome da banda, que, assim como o evento, mistura cultura (música) com a ciência: para quem não lembra das aulas de biologia no ensino médio, as mitocôndrias são as partes (organelas) das células que produzem energia por meio da respiração celular.

SONY DSCO show não parou depois do fim da apresentação de Gaciba e Os Mitocôndrias. Numa palestra realizada no auditório do câmpus, ao lado do hall da cantina, o professor Marcelo Girardi Schappo explicou, de maneira bem humorada, fazendo várias brincadeiras com o público para facilitar a compreensão, a sua pesquisa de doutorado na área de física atômica e molecular. Marcelo estuda os efeitos da interação de três tipos de radiação – eletromagnética, de íons energéticos e de fragmentos de fissão nuclear – sobre materiais poliméricos e gelos astrofísicos.

Materiais poliméricos, ou polímeros, são, como explicou o professor do IFSC, macrocélulas formadas pela repetição de unidades menores, os monômeros. Ficou difícil de entender? Talvez um exemplo ajude. O polietileno tereftalato (PET), o plástico usado em embalagens como as garrafas de refrigerantes, é um tipo de polímero, um dos quatro tipos que Marcelo usa em sua pesquisa. O policloreto de vinila (PVC) usado na fabricação de tubos é outro tipo de polímero.

SONY DSCOs gelos astrofísicos, por sua vez, formam-se a partir da condensação de gases em regiões extremamente frias do universo, como as atmosferas de planetas muito distantes de estrelas, onde temperaturas chegam a 260 graus Celsius negativos. “É mais frio do que vocês podem imaginar”, brincou Marcelo Schappo com a plateia que lotou o auditório. Não apenas a água (H20), mas nitrogênio, amônia e metano podem formar esses gelos ao se condensarem. Os gelos astrofísicos são encontrados em diversos corpos celestes, como cometas, nos aneis de Saturno e em Europa, uma das luas de Júpiter.

Além de explicar o que são os polímeros e gelos astrofísicos, o foco de sua pesquisa, o professor do IFSC citou 12 possíveis efeitos que as radiações podem causar na matéria. Por que estudar isso? As aplicações são várias na pesquisa com polímeros, incluindo avaliar a vida útil da cobertura de satélites espaciais e analisar a degradação dos polímeros por causa da radiação existente no ambiente (como a solar).

Já a pesquisa com gelos astrofísicos permite entender a relação entre as atmosferas e as superfícies dos planetas, pois os elementos químicos em ambas são os mesmos. Também ajuda a compreender a evolução química nos mantos formados de gelos astrofísicos. “Essas novas ligações [formadas após a exposição do gelo à radiação] podem dar origem a novos compostos físicos que não havia na atmosfera”, diz Marcelo. Por fim, um dos mais interessantes campos de estudo envolvendo os gelos astrofísicos é sobre a possibilidade de a interação entre gelo e radiação formar moléculas orgânicas, necessárias para o surgimento da vida.

Outras palestras

SONY DSCAinda na manhã desta quarta, membros da Federação das Empresas Juniores do Estado de Santa Catarina (Fejesc) e da empresa júnior do curso de Administração da Universidade do Estado de Santa Catarina (Esag Jr.) ministraram palestra com objetivo de incentivar a criação de empresas juniores no Câmpus São José.

Professores e alunos puderam tirar dúvidas sobre o processo de criação e implantação e uma empresa júnior e os benefícios que ela pode trazer para o curso e para a formação dos futuros profissionais. Atualmente, 22 empresas juniores são vinculadas à Fejesc, das quais 80% são de instituições de ensino públicas.

A última atividade da manhã desta quarta foi uma palestra com o professor Rogério Oliveira, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sobre o uso de energia solar na refrigeração e climatização, com apresentação de diferentes tecnologias.

A II Mostra Científico-Cultural termina nesta quinta, dia 16, e tem programação o dia inteiro. Confira no site.

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