A aluna Jéssica de Souza, do curso de Engenharia de Telecomunicações do Câmpus São José do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), foi premiada como aluna destaque do curso de Chinês da Universidade de Nevada, nos Estados Unidos. A estudante, que começou a estudar a língua chinesa através de aplicativos e assistindo a filmes chineses, se destacou por ser uma aluna trilíngue e foi a única de sua turma indicada ao prêmio. A premiação é tradicional na universidade e existe há 46 anos.

Jéssica chegou aos Estados Unidos em março de 2014 para cursar Engenharia Elétrica e da Computação na Universidade de Nevada através do programa Ciência sem Fronteiras da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Lá, ela conheceu um brasileiro de família chinesa que falava muito sobre a China e sua cultura. A estudante conta que o amigo brasileiro sugeriu filmes e seriados chineses e que assim ela se interessou em aprender chinês.

“Antes de me inscrever para a aula de língua chinesa eu instalei alguns aplicativos no celular para aprender e comecei a ver seriados em chinês, com legenda em inglês. Consegui entrar para as aulas de Chinês quando iniciei as aulas da faculdade. O programa que eu participo permite cursar uma matéria fora da minha área de atuação e eu escolhi Chinês, pois eu iria poder cursar um ano completo aqui”, diz Jéssica, que, além de conciliar o curso de Engenharia Elétrica e da Computação com as aulas de Chinês, ainda se empenhou nas atividades do grupo de pesquisa no laboratório de Engenharia Biomédica e Elétrica. O orientador da pesquisa, por coincidência, era chinês, o que despertou ainda mais interesse em estudar a língua.

A estudante de 20 anos começou a praticar a língua quando assistia a seriados e conversava com os colegas e com o amigo brasileiro que a inspirou nos estudos. Uma professora de inglês da Universidade de Nevada soube que ela estava estudando chinês e a apresentou a um aluno que veio da China. Os dois se tornaram parceiros de conversação. Jéssica praticava ainda mais o chinês e, em troca, ajudava o seu parceiro com a língua inglesa.

O Prêmio

Para a escolha dos concorrentes ao prêmio de aluno destaque, cada professor dos cursos de línguas seleciona um ou mais alunos da turma e Jéssica foi a escolhida pela professora Lin Li Hall. “Um dia minha professora pediu para ficar no fim da aula para conversar e ela disse que eu fui a única estudante do primeiro ano que ela escolheu para concorrer a esse prêmio. Nós tínhamos uma relação muito boa, pois eu sempre perguntava por materiais extras para a aula, me empenhava muito para aprender chinês e tirar boas notas, que eram acima de nove. Isso me fez sentir que a gente deve se empenhar, não importa o que aconteça, porque sempre há alguém olhando o que você faz. No meu caso, foi a minha professora”, conta Jéssica.

Depois de enviar uma carta escrita com caracteres chineses desenhados à mão e uma redação que falava sobre sua motivação para estudar a língua, Jéssica recebeu uma carta do departamento do curso com a boa notícia: ela era a escolhida para receber o prêmio Estudante Destaque do Primeiro Ano em Chinês. Na cerimônia para a entrega do certificado, a estudante ganhou também uma premiação em dinheiro que a ajudou na compra de livros para continuar estudando chinês quando retornar ao Brasil. A estudante contou que a assessora do Departamento de Chinês discursou sobre sua dedicação aos estudos e sobre como é impressionante ter uma aluna trilíngue no curso. “No evento todos os estudantes estavam com os pais juntos, e eu gostaria de ter meus pais lá comigo, me vendo subir pra receber o prêmio. Foi muito, muito especial! Essas coisas mostram que vale a pena tudo o que fiz aqui. Não foi nada fácil vir até aqui e passar tantas coisas sozinha. E cada coisinha boa que acontece, como esse prêmio, faz toda a diferença e me dá uma força enorme para continuar aqui”.

O intercâmbio nos EUA

Essa foi a primeira vez que Jéssica de Souza saiu do Brasil. Também foi a primeira vez que ela viajou de avião, morou sozinha, se apresentou em conferências, fez pesquisas em faculdade e teve que se virar com problemas. Ela diz que sua estadia nos Estados Unidos está sendo boa, mas que morar no exterior tem seus altos e baixos. “Ter que lidar com problemas que jamais pensei que fosse ter, e sem pai e mãe por perto, fica difícil. Você, às vezes, quer um colo que você não tem. Quando você decide sair de casa por tanto tempo, você deve pensar muito mesmo. É coisa séria. Tive experiências maravilhosas e sei que se não estivesse aqui, eu não as teria. Não me arrependo de nada do que fiz aqui e aproveitei a todas as oportunidades que apareceram”, conta.

A adaptação da estudante aos costumes, à personalidade dos americanos, à língua e ao ritmo de aula exigente na universidade foi difícil. Quando chegou aos Estados Unidos, seu nível de inglês era baixo e ela ficava acordada de madrugada para dar conta de todas as tarefas. Morar com outras cinco estudantes em um apartamento também não foi fácil, mas o que a estudante mais sentiu falta foi dos cuidados dos pais. Mesmo assim, ela destaca o quanto valeu a pena a experiência do intercâmbio e diz que vai levar muitas coisas boas quando voltar pra casa, em julho.

“Fiz amigos aqui que irei carregar para o resto da vida e intercâmbio faz isso ser muito especial, pois a maneira que você se apega às pessoas, estando longe de casa, é muito mais forte. Tudo o que o programa exigia aos estudantes que vem para os Estados Unidos eu fiz, e sinto que eu estou de dever cumprido com o programa. Aproveitei essa oportunidade ao máximo como a Capes pediu, levei muito a sério a parte que eles pediam para fazer fortes contatos, para a possibilidade de voltar para um mestrado. Vim para cá muito focada no que fazer e vou voltar para o Brasil com um currículo do qual me orgulho. O melhor de tudo é saber que o IFSC estava feliz com tudo o que eu fazia, meus professores e colegas de turma. O IFSC sempre manteve o contato comigo e se eu precisasse de ajuda eles estavam lá. Enfim, estou muito feliz em ter completado tudo e quero contribuir o máximo quando voltar para o Brasil.”