Artigo: Psicoeducação e dificuldades emocionais em tempos de Pandemia
25. maio 2020 | Escrito por Jornalismo IFSC | Categoria: Coronavírus, Matérias, SIASSCarla Adriana Silva
Psicóloga SIASS/IFSC – CRP 12/01806
Mestre em Psicologia
carla.adriana@ifsc.edu.br
Mostra-se mister perceber, compreender e lidar com sinais e sintomas emocionais que possam nos tirar de um modo de comportamento que se entende normal. Isso afetando nosso bem estar e o desempenho das atividades diárias.
Deve-se apreender a perceber o que se passa pelas nossas cabeças, reconhecer a relação entre cognição, emoção e pensamento. Assim, poder-se-á modificar os pensamentos distorcidos, ter mais controle sobre as situações, tornando-as mais condizentes com a realidade que se vive. (CARVALHO et al. 2019)
Falar em psicoeducação é uma forma de conseguir resolver os conflitos emocionais que emergem de forma mais autônoma. Reflete uma mudança de paradigma para uma abordagem mais holística e baseada em competências enfatizando a saúde, a colaboração, o enfrentamento e o empoderamento.
Quando se percebe e compreende a forma de como se age, cria-se maneiras de lidar com os estados emocionais e, consequentemente, modificar de forma produtiva o comportamento. No momento em que se conhece a si mesmo, sabe-se do repertório de estratégias que se dispõe para manejar com o contexto emocional que nos assola.
Cada um de nós sabe o que nos acalma, o que nos deixa ansioso, bravo, irritado. Assim, se pararmos para refletir, encontraremos estratégias para lidar com os contextos sem sofrer tanto.
Quanto mais informada está uma pessoa sobre sua condição de saúde física e mental, seu funcionamento cognitivo/emocional/comportamental e sobre a forma como pode ser conduzido seu tratamento, mais ela estará pronta para participar do processo de mudança de estado de doença para saúde emocional.
É preciso buscar informações, contos, livros, notícias, entre outros. A utilização de materiais escritos facilita a autocompreensão, lembrando que nem tudo que está disponível é confiável, devendo-se ter critérios na leitura.
Além da busca de informações, sugere-se que se encontre respostas em sua rede de relações, que se escreva o que sente, que se permita sentir. Nessa perspectiva, destaca-se que os sentimentos não estão errados, mas sim a forma como são interpretados.
Denota-se que as interações sociais devem contribuir para a adesão de hábitos saudáveis e para os sentimentos de controle pessoal, favorecendo o bem estar psicológico. Quando se percebe que isso não acontece, essas interações devem ser descartadas.
As situações emergentes exigem adaptação, inclusive as expectativas pessoais e algumas características do modo de vida.
O Ministério da Saúde contextualiza que há um aumento significativo de pessoas desreguladas emocionalmente, o que pode ser normal diante da pandemia, porém, assim como os sentimentos, deve-se buscar alternativas para lidar com as circunstâncias. Em casos específicos, é recomendável procurar ajuda profissional de um psicólogo, médico psiquiatra, serviços dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), entre outros. (BRASIL, 2020)
É importante que se receba informações corretas e apropriadas sobre o que está acontecendo com a pessoa, diagnóstico de saúde, orientações, limitações que pode vir a ter, efeitos colaterais das medicações, caso faça uso, o tratamento em si, como lidar com dor, solidão, luto e outros aspectos.
Caso disponha de um diagnóstico de saúde mental, sendo assistido por um profissional, são importantes as interações entre o paciente e esse profissional. O reconhecimento de sinais precoces de recaída e mudanças sintomatológicas ajudam.
Mesmo em período de Pandemia, a maioria dos profissionais de saúde mental fazem atendimentos virtuais. É indispensável a procura de ajuda, pois os tempos estão difíceis a todos. A autoajuda ou o ajudar aos outros que o ajudem é muito importante.
A rede de atendimento em saúde mental continua atuando durante a pandemia. Os CAPS realizam plantões e acolhimentos. Há serviço on-line de apoio emocional, inclusive no IFSC.
Destaca-se que os CAPS seguem atendendo os pacientes já cadastrados e realizam novos acolhimentos, mesmo durante o período de excepcionalidade causado pela pandemia do COVID-19. A orientação é que se priorize os contatos a distância, mas, quem necessitar de consulta presencial, deve procurar uma das unidades espalhadas pelo estado.
Por fim, a psicoeducação é uma importante estratégia no tratamento de diversas queixas. Pare, pense, perceba-se, tente e se achar necessário procure ajuda profissional.
Se você é servidor do IFSC, veja neste link como entrar em contato com as psicólogas organizacionais para obter atendimento individualizado.
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de saúde. Rede de atenção psicossocial em saúde mental. Disponível em https://saude.gov.br/. Acesso em 20 de maio de 2020.
CARVALHO. Marcelo R. de; MALAGRIS, L.E. N.; RANGÉ, Bernard P. Psicoeducação em terapia cognitivo-comportamental. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2019.