PQ-ANP aproxima professores de diferentes câmpus e permite que eles trabalhem de forma integrada

16. julho 2021 | Escrito por | Categoria: Matérias

Cerca de cem professores do IFSC de diferentes câmpus estão trabalhando de forma integrada no Programa de Qualificação das Atividades Não Presenciais (PQ-ANP). Desde novembro de 2020 estão sendo organizadas reuniões dos 13 eixos tecnológicos de atuação do programa em que os professores que aderiram ao PQ-ANP são convidados a participar para pensar na qualificação dos materiais e na organização dos Ambientes Virtuais de Ensino e Aprendizagem (Aveas).

O professor do curso técnico em Eletromecânica do câmpus Araranguá Halley Dias teve a partir do PQ-ANP contato com uma série de professores do IFSC de outros câmpus que também ministram unidades curriculares similares as suas. “O programa tem aproximado colegas de diferentes câmpus e mostrado que uma mesma unidade curricular pode ter metodologias diferentes. Quando entramos em contato com esses materiais, passamos a enxergar o mesmo assunto com um outro ponto de vista. Eu, por exemplo, sempre achei muito difícil ensinar soldagem por meio de ANPs, porque é algo bastante prático, mas vendo as videoaulas de um professor do câmpus Xanxerê eu vi que isso era possível. Eu vejo que o PQ-ANP tem feito com que o IFSC trabalhe de forma mais integrada.”

Além de disponibilizar materiais para o PQ-ANP, Halley também atua como coordenador do eixo de controle e processos industriais do programa. “Para mim, o contato com o trabalho dos designers educacionais que foram contratados pelo programa foi fundamental para que eu revisse alguns processos. Por exemplo, eu costumava organizar os meus slides sempre com muito texto e os designers chamaram a minha atenção para isso, já que a maior parte dos estudantes acompanham as aulas por celulares e isso atrapalha a visualização. Eu passei a perceber também que quando disponibilizamos vídeos muito longos, os estudantes têm mais dificuldade em carregá-los.”

O professor conta que antes da pandemia tinha bastante resistência a modalidade de ensino a distância. “No início da pandemia, acabei adaptando as aulas para encontros síncronos pelo google meet achando que seria por pouco tempo que adotaríamos esse modelo de Atividades Não Presenciais (ANPs). Ter aderido ao PQ-ANP fez com que eu visse no ensino híbrido uma grande oportunidade e hoje eu sou um grande entusiasta desse modelo. Eu vejo que ele não vem substituir o ensino presencial, mas sim somar e com isso temos muito mais versatilidade para organizar as aulas. Antes eu levava muito tempo para rever com os estudantes em sala de aula alguns conceitos da Física, Matemática e Química para de fato entrar no conteúdo das minhas aulas. Hoje eu percebo que por meio de ANPs é possível gravar uma aula com a revisão de alguns conteúdos e disponibilizar para os estudantes ou mesmo gravar a resolução de exercícios, o que possibilita que os alunos revejam os materiais quantas vezes precisarem.”

A professora de Português Caroline Reis Rauta, do Câmpus Gaspar, também avalia que um dos diferenciais do PQ-ANP tem sido o de aproximar os professores de diferentes câmpus e fazer com que eles trabalhem em rede. Ela, por exemplo, desenvolveu um trabalho em coautoria com um professor do câmpus São Lourenço do Oeste. “Eu tive contato com professores de câmpus que estão distantes fisicamente do Câmpus Gaspar, como professores de Caçador e de São Lourenço do Oeste. Isso me mostrou que há outros colegas que desenvolvem trabalhos na mesma linha de pesquisa em que atuo, eu vi que não estou sozinha e isso tem sido bastante enriquecedor porque promove múltiplos olhares sobre a prática profissional e sobre o processo de ensino e aprendizagem.”

Caroline já costumava trabalhar com Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem (Avea) no moodle no apoio ao ensino presencial. Mas ele funcionava mais como um repositório de materiais e para fazer atividades e avaliações pontuais. “Com a pandemia e o uso das ANPs, o moodle deixou de ser um mero repositório e isso exigiu muito de mim porque precisei aprender a usar uma série de recursos que eu não usava antes. Com o PQ-ANP eu pude aprender mais sobre o trabalho de designer instrucional e a organizar o Avea de uma maneira mais efetiva. Isso me fez repensar bastante a minha prática e pensar em um itinerário formativo que orientasse melhor o estudante”.

O professor de Física do Câmpus São José Salézio Momm explica que antes da pandemia ele só costumava utilizar ANPs no trabalho com experimentos com os estudantes e que ele precisou rever o formato de suas aulas. “A cada semestre eu tenho regravado as aulas e vejo que tenho conseguido aprimorá-las. Com o PQ-ANP, aprendi a editar vídeos e isso tem sido muito importante para a qualificação”.

Salézio destaca também que considera que o PQ-ANP tenha sido o pontapé inicial para um trabalho mais articulado entre os docentes da mesma área. “O IFSC, o trabalho docente e o processo de ensino e aprendizagem crescem com esse trabalho em conjunto. Eu vejo que há professores extremamente qualificados nos mais diferentes câmpus do IFSC e isso às vezes fica restrito a apenas um lugar quando poderia ser um material compartilhado. Com o PQ-ANP um estudante que antes tinha dificuldades em entender um conteúdo de Física, por exemplo, e que antes recorria a materiais que estão no Youtube sem saber a qualidade deles, agora poderá ter acesso a um Avea de outro professor da mesma área do IFSC e isso amplia o processo de ensino e aprendizagem”.

A professora da área de Moda do Câmpus Gaspar Carolina Carioni também trabalhou de forma integrada com outros professores. “Eu conheci pessoas incríveis a partir da minha atuação no PQ-ANP que provavelmente eu não conheceria se não fosse pelo programa. Inclusive já estamos pensando em futuras parcerias e em projetos que poderão ser realizados por professores desta área em diferentes câmpus do IFSC”.

Carolina explica que a partir das reuniões do eixo de produção cultural e design do Programa, os professores foram se dividindo para a produção dos materiais. “Eu trabalho com desenho técnico computadorizado e fiz alguns materiais sobre enquanto uma professora de outro câmpus se dedicou a produzir materiais pensados para o desenho técnico manual”.

Carolina conta que antes das ANPs não costumava trabalhar com videoaulas porque não considerava que poderia produzir vídeos de boa qualidade. “O curso de produção de videoaulas que foi ofertado pelo PQ-ANP em parceria com a UFSC foi fundamental para que eu entendesse todo o trabalho técnico envolvido na produção de um vídeo, como a iluminação, layout e edição. O fato de termos agora um Avea específico para as unidades curriculares onde podemos disponibilizar esses materiais também é muito importante porque temos um espaço apropriado para que os estudantes tenham acesso a eles”.

PQ-ANP

O Programa de Qualificação das Atividades Não Presenciais (PQ-ANP) do IFSC, ao longo de sete meses de trabalho, qualificou mais de 1.600 objetos de aprendizagem, entre videoaulas, apostilas, slides, podcasts e criou 74 Ambientes Virtuais de Ensino e Aprendizagem (Avea) no moodle para o compartilhamento desses materiais. O PQ-ANP está na quinta fase de execução em que estão sendo organizados os Aveas e disponibilizados todos os materiais para que os ambientes possam se tornar públicos e dessa forma ser consultados por estudantes e professores do IFSC e por toda a comunidade externa. Nesta etapa do programa, professores do IFSC que ainda tenham interesse em disponibilizar seus materiais para qualificação podem entrar em contato com os coordenadores locais do PQ-ANP em cada um dos câmpus.

Por Beatrice Gonçalves | Jornalista do IFSC

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